Uma vez ouvi uma frase muito interessante: “o celular aproxima quem está longe e afasta quem está perto.”

É um fato que minha geração, nascida nos anos 90, é a geração escrava do celular. Naturalizamos o absurdo de passar horas na frente da tela, muitas vezes sem nem lembrar o que fizemos. Somos manipulados para isso.

A pandemia agravou ainda mais esse cenário. Para muitas pessoas, foi a única forma de comunicação com o mundo exterior. Além disso, todas as empresas de tecnologia — sem contar as novas que surgiram nesse período — desenvolveram produtos para nos manter ainda mais conectados.

Vários estudos relacionam o vício em celular com a solidão:

Quem nunca foi a um restaurante e viu uma família inteira em silêncio, cada um no seu celular? Ou numa festa, pessoas grudadas no celular sem interagir entre si?

O tema parece antigo — lembro de conversar sobre isso com um amigo há quase 10 anos — mas, ultimamente, tudo parece muito pior. Nas principais redes sociais de hoje, como Instagram e TikTok, o foco não é mais a comunicação entre duas pessoas, e sim entregar o conteúdo mais genérico possível (criado por nós mesmos) e, depois de três posts, te mostrar um anúncio.

No fundo, o celular também afasta quem está longe.